ANDIROBA
O nome deriva de ãdi’roba, termo tupi que significa “óleo amargo”. As sementes da andiroba possuem aproximadamente 70% de óleo amarelo-claro e extremamente amargo. Em temperaturas abaixo de 25°C, ele se solidifica, ficando com consistência parecida com a da vaselina.
Possui propriedades anti-sépticas, antiinflamatórias, antialérgicas, cicatrizantes e inseticidas. Popularmente, o óleo é utilizado para contusões, inchaços, reumatismos e cicatrizações, esfregando-se sobre o local machucado. Tem ação purgativa na eliminação de vermes e como repelente, pode ser usado direto na pele e também em velas contendo o bagaço, resíduo, do processamento das sementes.
ANDIROBA E COSMÉTICOS
Aplicações cosméticas Pode ser usado puro, adicionado a formulações ou como óleo carreador para óleos essenciais e para massagens.
O sabão produzido a partir do óleo da andiroba combate a doenças de pele e também é um bom repelente contra mosquitos. Além disso, o óleo tem um efeito tónico no cabelo e também pode ser utilizado como um óleo de massagem, em fórmulas de cremes para massagens corporais, xampus, condicionadores e velas repelentes.
Nutrição capilar: nutre e hidrata os cabelos, reduzindo frizz, pontas duplas e volume, dando maciez e brilho.
Ação na pele: o mesmo efeito de nutrição e hidratação que tem nos cabelos, este óleo também tem na pele, além de reduzir manchas e rugas. Aumenta firmeza, tonicidade e flexibilidade da pele. Vale destacar ainda o efeito protetivo, podendo ser usado nos tratamentos de doenças de pele, dermatites
Poder anti-inflamatório e analgésico: trata dores musculares, lesões e vermelhidões, além de ser um perfeito cicatrizante e antisséptico.
Celulites: Pesquisas recentes mostraram que o óleo de andiroba possui a função de evitar e inibir o aparecimento da celulite, devido seu efeito inibidor sobre a enzima glucose-6-fosfato desidrogenase (G6PGH), podendo ser empregado na pele para este fim. As suas propriedades medicinais são potencializadas quando é aplicado através de massagens ou fricção sobre a pele no local a ser tratado.
ANDIROBA E A SUSTENTABILIDADE
Assim como todo produto florestal não madeireiro, a extração do óleo de andiroba é composta por várias etapas, desde a coleta até o processamento. Sempre, respeitando os protocolos de manejo para garantir não só a qualidade do óleo, mas também a sustentabilidade das árvores e do ecossistema.
Produção do óleo de andiroba em 6 passos:
coleta e seleção: as sementes são coletadas, no chão da floresta em seguida é feita uma seleção das sementes que estão com casca danificada, com fungos ou com sinais de apodrecimento, separando apenas as de boa aparência
armazenagem das sementes: As sementes são armazenadas em local arejado para serem processadas
preparo da massa: Essa etapa é chamada de preparo da “massa do pão”. As sementes são cozidas geralmente em latas de alumínio de 18 litros (reutilização de latas de tintas) ou panelas de alumínio, em fogo a lenha por tempo que varia de uma a três horas
repouso: Após o cozimento, as sementes são colocadas para esfriar em ambiente arejado e seco no assoalho das casas ou dentro de sacos de estopa por um período de sete a 20 dias no máximo
extração do óleo: A extração do óleo pode ser realizada de várias formas: ao sol, a sombra ou ainda com o Tipiti (prensa típica da Amazônia feita de palha de forma cilíndrica e que possui uma abertura na parte superior com uma alça e é fechada na parte inferior com duas alças. Ao ser estendida, a prensa diminui o seu volume e comprime o seu conteúdo). Das primeiras formas, as sementes cozidas são colocadas em uma superfície onde o óleo vai escorrendo naturalmente ao longo do tempo. Com o tipiti, é feita a prensagem manual para acelerar o processo.
recolhimento e acondicionamento do óleo extraído: No final do processo o óleo recolhido é passado por um pano fino ou pedaço de algodão para filtragem
ANDIROBA LIXO ZERO : USO DO ÓLEO E DOS RESÍDUOS
Além do uso do óleo puro, existem outras aplicações tradicionais praticadas por extrativistas na floresta que aproveitam todos os resíduos provenientes da extração do óleo.
O processo de extração deixa dois resíduos: as cascas das sementes após o repouso e a massa após o encerramento do recolhimento do óleo. Algumas pessoas queimam as cascas para afastar mosquitos, o resíduo da massa é aproveitado na fabricação caseira de sabão de andiroba e até para alimentação de gado. E o óleo de andiroba misturado com sal para evitar carrapato no gado, graças às propriedades repelentes e inseticidas.
ASPECTOS CULTURAIS
As práticas necessárias para a extração do óleo de andiroba são uma atividade social e coletiva, envolvendo membros da família e/ou vizinhos. No entanto, a fase da extração do óleo de andiroba, propriamente dito, geralmente é realizada apenas por mulheres.
As extratoras acreditam que pessoas invejosas, mulheres grávidas ou menstruadas não podem ver, nem tocar a massa, pois cessaria a liberação do óleo.
REFERÊNCIAS:
NONATO, O. C.DOS S; DOMINGOS, S. C.B.; SOUZA, S. F.; AMORIM, S.L; MEDEIROS, L. DOS S. IDENTIFICANDO OS USOS TERAPÊUTICOS DA Carapa guianensis. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA: Centro Científico Conhecer – Goiânia, v.15 n.28; p. 2018 1067 DOI: 10.18677/EnciBio_2018B86
MENDONÇA, A.P; FERRAZ, I. D.K. Óleo de andiroba: processo tradicional da extração, uso e aspectos sociais no estado do Amazonas, Brasil. MENDONÇA, A.P; FERRAZ, I. D.K. ACTA AMAZONICA: vol. 37(3) 2007: 353 – 364 .