A arte de trançar fibras é uma habilidade ancestral mantida até hoje pelas populações tradicionais.
No Brasil, existe uma grande variedade de fibras como ouricuri, embira, carnaúba, taquara, babaçu, bananeira, taboa, cipó, etc. Cada uma delas tem uma forma específica de se processar, porém a grande maioria segue os seguintes passos:
Depois de colhidas, essas fibras passam por um longo processo de tratamento, que era feito com cinzas, e a fibra era batida repetidamente. Hoje, o processo tornou-se diferente, bate-se a fibra no liquidificador e ferve-se com soda cáustica, o que facilita e agiliza o trabalho, mas que também provoca mudanças na maneira de encarar o fazer.
Após este tratamento inicial, elas podem ou não ser tingidas, geralmente com corantes naturais que são normalmente encontrados na cor preta, vermelha e em vários amarelos.
Existe um saber que é passado por gerações, que envolve desde a coleta das fibras, a lua, até as técnicas de trançado que são muito diversas. Vão desde a como chapéus, esteiras, espanadores, cestas de todas a espécie, redes, miniaturas, etc.
FIBRAS DA PALMEIRA TUCUM Astrocaryum chambira
Tucum é uma palmeira que cresce formando touceiras densas, atinge de 10 a 12 metros de altura e tem caules coberto por espinhos). No universo simbólico de diversas comunidades amazônicas, a linha do Tucum é considerada a “Linha da Lealdade”, pois tem grande resistência e nunca se rompe.
Até meados da década de 1950, a linha do Tucum era o único recurso que se dispunha na floresta para a fabricação da linha artesanal, utilizada na confecção de redes de dormir, linhas de pesca, malhadeiras (tarrafas), cordas, roupas e utensílios.
Aqui um vídeo do ISA mostrando como é feito o processo de fabricação de rede usando a fibra do tucum pelo povo indígena Parakanã, da Terra Indígena Apyterewa, no sul do Pará
A fibra do tucum é extraída do pendão da folha, depois é lavada, cozida, penteada, e exposta à luz do sol e ao sereno, para então ser penteada novamente, durando mais ou menos uma semana todo o processo.
Todos os produtos confeccionados a partir da fibra são naturalmente biodegradáveis, não representando riscos para o ciclo da vida nas florestas. A valorização desse conhecimento e de outros saberes e fazeres a ele associados, como o manejo florestal e o beneficiamento de sementes, fibras e outros produtos florestais não madeireiros, é sem dúvida uma das melhores maneiras de se manter a floresta em pé, aliando o uso à conservação, contribuindo para a construção de um modelo sustentável de ocupação dos ambientes amazônicos.
POVO PARAKANÃ
Os Parakanã somavam aproximadamente 900 indivíduos em 2004. Vivem em duas áreas indígenas diferentes: A primeira área: Terra Indígena Parakanã, localiza-se na Bacia do rio Tocantins e a a segunda área Terra Indígena Apyterewa, ambas no Pará.
A Associação Tato’a é a Associação que representa o Povo Parakanã. Desde 2014 a Associação vem passando por um projeto de fortalecimento das atividades produtivas sustentáveis para a estruturação das cadeias de valor de castanhas e artesanato na Terra Indígenas Apyterewa em parceria com a TNC, Funai, Origens e Tucum.
A produção do artesanato Parakanã é uma atividade coletiva, onde os homens colaboram com a coleta da matéria-prima e seu beneficiamento, enquanto as mulheres tramam as fibras de tucum, sementes nativas, linhas de algodão, palhas e cipós que ganham a forma de cestos (Yrynokoa), redes (Iapoa), acessórios como bolsas (Yrynokoa), colares (Xorepevara) e pulseiras (Mapypewara), além de roupas (Wapironga), tipoias (Tapaxa), faixas de cabeça (Akywawa) e vassouras (Ytyapeiwa).
O artesanato é uma ferramenta para fortalecer a luta dos Povos e também uma forma de manutenção dos conhecimentos ancestrais por isso, em parceria com a @urucuna.art e a Associação Tato’a que representa o Povo Parakanã, trazemos o cesto de fibra de tucum como protagonista do Box Amazônia Viva para celebrar o Mês da Amazônia.
Dentro da cesta tecida pelas mulheres da Terra Indígena Apyterewa vai uma curadoria feita por nós de 6 produtos que representam uma amostra da riqueza e da diversidade da nossa floresta.
Fontes: