Guaraná de Maués: por que é tão especial?

O guaraná (paullinia cupana) é um cipó, que na sua forma selvagem, sobe nas árvores podendo chegar a 13 metros de altura. Quando cultivado em áreas abertas, assume a forma de um arbusto. Os frutos dele, em cachos, têm uma casca vermelha que abre quando estão maduros. Aparece então a polpa branca e a semente preta, que fica exposta. Essa sua forma única e característica parece com um olho humano e isso alimentou as lendas indígenas sobre a sua origem.

A semente do guaraná é consumida pelos índigenas Sateré-Mawé há muitos séculos, bem antes da invasão dos europeus no Brasil. As sementes torradas contém guaranina, um estimulante parecido com a cafeína. A porcentagem é normalmente o dobro do que a contida no café, chegando até três vezes, dependendo das variedades genéticas das plantas. (4.2% a 6.0%, fonte: EMBRAPA)

A BEBIDA TRADICIONAL

O waranã é o produto por excelência da economia sateré-mawé, e dos seus produtos comercializáveis é o que obtém melhor preço no mercado. É possível ainda pensar que a vocação para o comércio demonstrada pelos Sateré-Mawé se explique pela importância do guaraná na sua organização socioeconômica. Contém alto teor de cafeína (de 4 a 5%), superior ao chá (2%) e ao café (1%).

Tradicionalmente o çapó, guaraná em bastão ralado na água, é a bebida cotidiana, ritual e religiosa, consumida por adultos e crianças em grandes quantidades. O preparo e o consumo do çapó seguem uma série de práticas que somadas resultam em uma sessão ritual onde a mulher passa a cuia para seu marido, que primeiramente se serve de um pouco do çapó, para então passar para os presentes, entregando a cuia em primeiro lugar para os mais velhos, ou para visitantes ilustres. Daí em diante, a cuia passa de mão em mão, e quando esvaziada é entregue para o dono da casa, que por sua vez devolve à esposa que prepara uma nova rodada de çapó.

A LENDA DO GUARANÁ

O povo indígena, da região de Maués -AM conta que um casal de índios da tribo Sateré-Mawé queria muito ter um filho. Por isso, certo dia, decidiram pedir uma criança à Tupã, uma das principais divindades da mitologia deles. Atendendo aquele pedido tão sincero, Tupã deu-lhes um menino.

O filho do casal cresceu saudável e tornou-se um jovem bonito e bondoso. Entretanto, toda bondade e generosidade do pequeno índio ameaçavam Jurupari, a divindade do mau. Invejando o jovem, Jurupari tornou-se então em uma cobra venenosa e picou o moço, matando-o.

Logo em seguida Tupã enviou às proximidades da aldeia trovões e relâmpagos anunciando a morte do bom rapaz. Muito triste, a mãe do índio morto acreditou que esse era um sinal para que ela fizesse o enterro dos olhos do filho no solo próximo à aldeia. Assim, no local onde estavam seus olhos nasceram plantas que deram frutos que pareciam com os olhos do jovem índio.

BENEFÍCIOS DO GUARANÁ

O consumo de guaraná em pó proporciona uma série de benefícios, como: melhorar o desempenho nos exercícios e a concentração, aliviar dores de cabeça e ajudar a controlar os níveis de colesterol (atrasando a oxidação do LDL) e açúcar no sangue.

Outro grande benefício é que seu consumo alivia e previne o envelhecimento precoce. Suas catequinas, um fitonutriente da família dos polifenóis, tem uma forte ação antioxidante que protege as células de danos no DNA que, amanhã ou depois, poderiam conduzir ao câncer e a outras doenças degenerativas.

Estudos associam o consumo de cafeína com a maior capacidade da memória e redução do risco de enfermidades neurovegetativas, como a doença de Alzheimer.

Além da cafeína e guaranina a semente apresenta grande quantidade de amido, cerca de 60% da semente seca, taninos, teobromina e teofilina bem como diversos compostos bioativos, como os flavonóides. Em relação aos sais minerais, apresenta fósforo, ferro, magnésio, potássio, cálcio, assim como vitamina A (importante para a saúde ocular) e vitamina B1 (nutriente envolvido no metabolismo energético).

A teobromina presente no pó de guaraná possui efeito bronco protetor pela capacidade em dilatar os vasos sanguíneos e promover o relaxamento dos brônquios, fator que pode ser útil em tratamentos de doenças respiratórias como a asma. Além disso, a substância exerce efeitos no sistema nervoso central, porém em menor grau quando comparado à cafeína.

CAFEÍNA

A cafeína age no sistema nervoso combatendo a fadiga e estimulando as funções cognitivas, a atenção e a memória, melhorando a atitude e a disponibilidade a enfrentar intensas atividades físicas e mentais. Por esta razão, o pó de guaraná é frequentemente utilizado na composição de medicações fitoterápicas e suplementos termogênicos.

A cafeína presente no guaraná é de maior ação como estimulante do sistema nervoso central (SNC), promovendo um maior estado de alerta ao indivíduo, resistência ao cansaço e melhora da percepção das atividades intelectuais; também essa substância promove a performance e resistência física de atletas quando submetidos a situação de exercício físico extenuante. A cafeína ocorre no café, chá, no cacau, no guaraná, na cola e na erva-mate.

 

GUARANÁ DE MAUÉS

O guaraná de Maués é especial por ser cultivado por centenas de pequenos produtores, recebe aquele carinho que só a agricultura familiar pode proporcionar.

É colhido à mão, sendo escolhidas somente as frutas maduras, e depois de lavadas, as sementes são torradas por mais de 6 horas para retirar toda a umidade e liberar os aromas característicos.

Essa torrefação especial permite que seja transformado em bastão ou moído com peneiras ultra finas. Por isso o pó é altamente solúvel e com um sabor inconfundível.

Distante 250 quilômetros de Manaus, a cidade de Maués é conhecida como a “Terra do Guaraná”. O guaraná produzido recebeu a Indicação Geográfica de procedência, que reconhece a excelência do produto com características únicas.

O QUE É INDICAÇÃO GEOGRÁFICA?

A IG é um sinal constituído por nome geográfico (ou seu gentílico) que indica a origem geográfica de um produto ou serviço. Apenas os produtores e prestadores de serviços estabelecidos no respectivo território (geralmente organizados em entidades representativas) podem usar a IG.

A espécie de IG chamada “indicação de procedência” se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.

Já a espécie “denominação de origem” reconhece o nome de um país, cidade ou região cujo produto ou serviço tem certas características específicas graças a seu meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. (fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial)

QUAIS SÃO OS TIPOS DE GUARANÁ EM PÓ? 

CLÁSSICO: Moendo as sementes depois de retirar o casquilho, teremos o pó de guaraná mais comum em Maués: o aroma é carregado, um pouco defumado, porque tem sementes que ficam torradas além do ponto, ou as vezes tem outras que quebram durante a despolpa. Isso não compromete em nada na qualidade, o teor de cafeína é o mesmo, somente a solubilidade é um pouco menor.

SELECIONADO: depois de descascar na máquina, é feita uma seleção manual das amêndoas, separando todas aquelas que não estão 100% limpas e torradas no ponto certo. Este é um produto de nicho, procurado e apreciado por quem gosta do guaraná puro; tem um aroma mais frutado e um sabor menos amargo, é mais solúvel e delicado.

INTEGRAL: É produzido moendo a semente sem retirar antes o casquilho, assim têm-se um pó mais escuro, menos solúvel, e de sabor carregado. É usado principalmente para preparação de vitaminas, shakes ou misturado junto com o açaí.

D’AMAZÔNIA ORIGENS

Luca D’Ambros, italiano, chegou em Maués em 2002 e conheceu José Francisco Marques, o “Baiano”, um dos mais tradicionais produtores de guaraná. Dessa forte amizade surgiu a paixão pelo fruto e seus derivados e quando, em 2012 o velho Chico inesperadamente faleceu, Luca adquiriu a propriedade e continuou as atividade de cultivo, produção e beneficiamento.
Depois de alguns anos vendendo a semente torrada para as indústrias de concentrado, como a grande maioria dos pequenos produtores de Maués, percebeu que os valores oferecidos pelas empresas não combinavam com os altos custos produtivos do guaraná tradicional.

Guaraná nas sacas pronto para exportação

Então resolveu investir em uma pequena máquina a vácuo para começar a embalar os primeiros pacotes de pó de alta qualidade, de amêndoas selecionadas, para poder preservar o aroma ao longo do tempo entre uma safra e outra. Isso permitiu agregar valor ao produto e o guaraná do Luca virou uma referência, porque a qualidade do pó era mantida inalterada por meses como se fosse recém moído.

Essa embalagem diferenciada e o lançamento do primeiro site, permitiu que vários apreciadores de guaraná em todo o território brasileiro conseguissem ter acesso ao pó de guaraná da mais alta qualidade. Os pedidos foram crescendo, assim como o reconhecimento do produto.

Hoje são mais de 20 pequeno e micro produtores (alguns com poucas dezenas de kg de sementes produzidas) que participam da comercialização, e todos seguem o sistema tradicional de cultivo

Você pode comprar o Guaraná Selecionado Orgânico de Maués no nosso site

Referências:
Guaraná, a máquina do tempo dos Sateré-Mawé
Sateré Mawé – Povos Indígenas no Brasil
D’Amazônia Origens
Guaraná nativo dos Sateré-Mawé recebe reconhecimento nacional com a concessão de selo de Indicação Geográfica
Guia Básico — Português (Brasil)

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